São Bernardo

www.emcondominios.com.br 03 EDITORIAL José Vilela Sobreira Sobrinho ruralnews@uol.com.br NÃO SE AVEXE, NÃO ! Gosto muito de levar meus pensa- mentos pra passear, espairecer. Normalmente os libero no início de minha caminhada. É uma alegria só. É bo- nito vê-los sair voando leves e soltos. De repente, olho pra cima e percebo alguns deles dobrando a esquina de uma nuvem qualquer. Outros, mais travessos, traquinas, rindo a não mais poder, dando camba- lhotas gostosas numa nuvem colchão-de- -algodão. Noto também aqueles parados na borda de uma nuvem, mirando o além, como a dizer que no universo tudo é finito, tem um fim, até mesmo o infinito que nós, humanos, criamos. Nesse estado d'alma, meu pensar vai ao encontro de suas raízes nordestinas - meu pai é cearense - e escuta um suave sussurro: - NÃO SE AVEXE, NÃO! (não tenha pressa), desfrute! Daí, foi uma chuva de não se avexe, não. Transcrevo alguns: - Não se avexe, não, não somos, planeta Terra, mais do que um pequenino grão de areia na imensidão do Uni- verso das Galáxias, no mundão de meu Deus; - Não se avexe, não, chore e sinta sua dor, sua ale- gria, se preciso for; - Não se avexe, não, se encante com o alvorecer e também com o pôr-do-sol; - Não se avexe, não, sorria só mais um pouquinho, com carinho; - Não se avexe, não, abrace com ternura e calor; - Não se avexe, não, escute e compre- enda mais, sem julgar e criticar o outro; - Não se avexe, não, faça o bem com delicadeza; - Não se avexe, não, cultive o silêncio, a paciência, o respeito e o bem-querer; - Não se avexe, não, aprenda paciência com a lagarta, antes de ser borboleta, pou- sada numa rosa, símbolo do amor; - Não se avexe, não, pois a vida é curta, então curta; - Não se avexe, não, de repente, zás, finito, acabou, vira lembrança. Vixe, meu Deus, não se avexe, não, me deixa seguir mais um pouco por aqui.Afinal, o que são vinte anos dian- te da eternidade? Nesse momento, minhas companheiras de voo, a Ca- neta e a Folha Branca, falam: - chega, deu, pare! Sou obediente. Despeço-me, dizendo: Não se avexe, não, sigamos todos cantando a canção, dando as mãos, apoiando uns aos outros, sendo raios de luz nas brumas da existência, le- vando solidariedade, paz e amor. Bora lá, gente!

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