Esse comportamento coletivo vivido em razão do desastre com o clube de futebol Chapecoense recentemente, serviu para demonstrar algo que ultimamente quase não se vê: milhares de pessoas ( não apenas parentes dos acidentados) mas pessoas de todos os quadrantes da América se irmanaram como uma verdadeira família abrindo seu coração para consolar seus semelhantes diante de tamanha perda. Durante vários dias milhares de pessoas guardaram luto, como se os desaparecidos pertencessem à própria família; nosso pais ficou num silêncio respeitoso como nunca vi; essa postura deixou-me, a um tempo, triste pelo infausto acontecimento, e feliz pela forma como nosso povo e de nossos vizinhos se comportaram.
Esse comportamento extraordinário foi um poderoso rastilho que uma vez aceso na América, incendiou o resto do mundo. Se bem observado, esse desastre em termos de fraternidade tocou o coração das pessoas muito mais fundo que certas tragédias mundiais; digo que tocou mais fundo não porque foi pior das que rondam o mundo, e sim, porque ele, pela necessidade que os humanos sentem de se tornarem irmãos tenham acordado para por em prática toda a potência espiritual de que são dotados. Será que começa a despontar na alma humana (finalmente) um pouco de luz espiritual que a conduza pelo caminho reto da evolução? Será que os humanos ainda não se cansaram de brincar com a vida?
Nesse movimento gigantesco ocorrido em nossa pátria, dava para sentir a força dos sentimentos; ali não se viu interesses materiais; sentiu-se o poder do amor envolvendo todas as ações; tudo com simplicidade e igualdade; enfim, foi um espetáculo humano que serviu de exemplo para todos os povos. As nações poderosas que sofreram situações de muita gravidade carecem do principal: sobram-lhes condições materiais na mesma proporção que lhes falta condições espirituais. Em pleno século 21 o exemplo negativo partiu da civilizada Europa, e não deste pedaço de Terra, ainda chamado de “terceiro mundo”!
Lembram-se os leitores, por fim, do caso de Davi e Golias, que passou a simbolizar o poderoso contra o pequeno? Pois bem: o time de futebol Chapecoense é uma agremiação pequena, sem muito poder que cresceu valentemente em poucos anos, chegando a competir na elite do futebol brasileiro. Como se explica que a tragédia desse pequeno clube movimentou tanta gente na homenagem às vítimas? Que poder reuniu multidões sem ser convocadas? Aí está um grande mistério: essa motivação sui generis, pelo impacto de sua espontaneidade, revela que nós não somos o que revelamos a priori : meros seres materiais, sem amor e sem alma. Trata-se de uma pequena amostra de fraternidade real, que deve motivar o nosso espírito a colocar-se sempre a postos no sentido de nos tornar úteis espontaneamente, sem ser convocados nem chamados, e nem tampouco nos mostrar orgulhosos porque nos pusemos à disposição de quem necessita.
Luiz Santantonio
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