Quanto mais vivo, mais me preocupo com o que o futuro nos reserva. Ainda que pareça incrível, entre tantos descaminhos que nos fazem perder o rumo de nossa vida, o mais grave no meu entender é o afastamento gradativo de nossa condição de humanos, motivada pela insanidade com que nossa tecnologia é utilizada. E a vida moderna, infelizmente, hipnotizada pelos “milagres” das conquistas materiais nos empurra para os braços das máquinas; tanto é verdade, que dentro de mais algum tempo (para citar um dos campos mais propícios a ser “abduzidos”) não haverá necessidade de médicos para nos atender, sendo substituídos por robôs; a função do médico será especializar-se em apertar os botões certos, nada mais. Exagero meu? Vamos a um pequeno exemplo: dia destes necessitei de um pronto-socorro e, o médico que me atendeu não se dignou sequer de me dizer as palavras habituais: boa noite, quem é você? O que está sentindo? Daí em diante, “não havendo a necessidade de saber se eu existia ou não” sentou-se diante de um computador e encaminhou-me para a realização de uma série de exames; tenho a certeza de se tratava de um procedimento padrão, recomendado indiferentemente a todos os que vão em busca de uma solução para seu problema de saúde. Dizer que tal procedimento é uma vergonha é dizer pouco; como uma pessoa que afirma ter estudado vários anos para se tornar médico consente em adotar passivamente uma medida dessas? Não houve exame; de sua boca não ouvi uma palavra sequer, nada, absolutamente nada! Que ninguém se surpreenda se daqui a mais algum tempo sejamos confinados a um robô que nos fará as perguntas necessárias, ou seja, ouviremos a voz de um “médico máquina” não para outra máquina, mas sim para um ser humano, que “pelo pouco o que representa” pode muito bem ser orientado sem a presença de outro ser humano. Será esse nosso destino como seres espirituais? Será que devemos nos contentar a viver como seres de segunda categoria? E por que, afinal, chegamos a esse ponto? O que nos falta para retornar à nossa condição primitiva? Muito pouco; reaprender (ou aprender) a viver espiritualmente, valorizando nossa condição de criaturas espirituais e desligando-nos de nossas fantasias materiais imaginando que por meio delas (e só por meio delas) alcançaremos a tão sonhada felicidade. Isso não quer dizer que devemos ignorar os progressos científicos; eles são úteis, porém, tentar substituir o ser humano por máquinas, elevando-as à categoria de deuses é algo impensável, embora o caminhar trôpego da humanidade preconize esse futuro.
Luiz Santantonio
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