A crise de paradigmas pode ser vista como o embate entre o novo e o velho, o hoje e o ontem, o passado e o presente.
O ontem pode ser idealizado, pois suas imagens, sons e cores podem ser selecionados pela memória e filtrados pelo inconsciente – individual ou coletivo. O hoje se apresenta com cores, sons e imagens fortes que não podem ser amenizadas, pois o concreto se impõe à realidade.
O ontem é passível de interpretação, pois já não pode se defender; o hoje se esclarece pelo debate, pois seus defensores estão vivos.
O ontem é arrogante pela experiência acumulada, o hoje é arrogante pela sua juventude e imaturidade. O velho é inflexível, não gosta de mudanças, o moço é impulsivo e age antes do pensar.
As gerações passadas apresentavam um pensamento linear, a geração presente tem um pensamento circular.
Assisti uma palestra de José Outeiral, psiquiatra gaúcho, que apresentou uma série de reflexões sobre o embate de paradigmas que se trava no presente entre as gerações. Usou exemplos de filmes e nos apontava a diferença de valores entre Casablanca e Mad Max; entre a música da primeira metade do Século XX e a segunda; nos ídolos esportivos que pertenciam a um único time por toda sua carreira e os atuais que mudam a camisa de acordo com o valor do contrato.
Pais que nasceram nos anos setenta, oitenta educam filhos que estão imersos no novo século. Professores que chamavam seus mestres de “senhor/senhora” ouvem de seus alunos vocativos como “o meu”, “cara” e outros menos mencionáveis.
A velocidade dos “games” se contrapõe aos jogos de salão; o cartaz ao “power point”; o jornal cinematográfico às apresentações em tempo real; o mapa que se pendurava na lousa ao “Google Earth”.
Que valores preservar e quais renovar? Esta é a grande pergunta que se faz aos homens neste início de século.
Precisamos discriminar valores universais e atemporais do modismo, da efemeridade e da velocidade contemporânea; para isso a prática filosófica é essencial, pensar e refletir sobre o hoje com a sabedoria do ontem, transversada pela prudência e pelo conhecimento é o caminho do diálogo entre velhos e novos paradigmas.
Edimara de Lima
Diretora da Prima escola Montessori de São Paulo
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