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A necessária harmonia nos condomínios

O convívio nos condomínios cresce em população que busca maior qualidade de vida, sobretudo o alívio que traz a segurança, sem falar, é claro, no lazer. Todavia, refugiar-se neste cenário tem seu preço: a convivência entre seus moradores.

Na média, a coisa funciona bem, pois entre uma queixa de barulhinhos aqui e uma irritação sobre a correspondência trocada acolá, o ritmo diário recebe o tom do deixa pra lá, pois “nem tanto ao mar nem tanto a terra” demonstra ser a melhor saída para o reequilíbrio, boa opção contra o pesado “a ferro e fogo”.
Note-se, porém, que floresce uma noção exagerada do autoconceito que cada um faz, colocando-se em posição de importância que, obviamente, leva a comportamentos correspondentes, tais como não se preocupar com o barulho excessivo, deixar o veículo fora dos limites estabelecidos, querer ser atendido pelos funcionários (inclusive as contravenções) imediatamente, sem avaliar se existe alguma prioridade, enganar o sistema de segurança ao exigir que serviços de entrega acessem, diretamente, à unidade e não somente à portaria, egoísmo muito acima do altruísmo em discussões e votações que regulam o pequeno paraíso de uso razoavelmente próximo entre pessoas de diferentes procedências e ideias. Então, quando não se é atendido, ou uma notificação necessária chega repreendendo, a frustração diante da falta de reconhecimento à altura do ilustre morador faz disparar as balas emocionais, através de atitudes desproporcionais. Logo…dentre outros nomes dados, má educação é apenas o palco que oculta os bastidores da raivosa frustração, desencadeada a partir da distorcida auto percepção. A cena é surpreendente e criticada quando vista de fora, mas, veementemente, negada aos olhos de seu autor. Assim, as regras tentam administrar não apenas os necessários procedimentos de convívio, mas os reveses tipicamente humanos. Somente o condômino é capaz de olhar para si e se auto avaliar, na tentativa de concluir intimamente, que se encontra em nível estrategicamente igualitário aos demais quando o assunto é convivência condominial.
*Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo e autor do livro O Feitiço de Narciso