Autonomia e independência são palavras entendidas como similares, embora nas teorias educacionais tenham significados diferenciados. Os processos de desenvolvimento das habilidades necessárias a um e outro conceito são iniciados na primeira infância e solidificados, no decorrer da adolescência.
A independência está ligada ao “fazer”, enquanto que a autonomia está ligada ao “decidir”.
A construção da independência se faz na execução de ações precisas que resultam na consecução de objetivos pré-estabelecidos; estas ações podem ser simples, como amarrar os cadarços de um calçado, ou complexo como a instalação de um software no computador. A área de Vida Prática de nossas classes tem entre seus objetivos a independência do fazer que exige organização, sequência, coordenação viso-motora, civilidade, concentração e atenção.
A autonomia também precisa ser elaborada desde os primeiros anos e, se inicia com pequenas grandes escolhas: pegar um carrinho, ou uma bola? Pão com geleia, ou com manteiga?
Saber escolher é o grande alicerce da autonomia. Crianças e jovens que não exercitam a escolha no seu processo de desenvolvimento serão adultos não autônomos, ou não exercerão a autonomia com ética e competência.
Decidir implica em escolhas, escolher implica em eleger, que por sua vez implica em descartar. O processo da decisão (mesmo as mais simples) é complexo e exige o domínio de múltiplas competências. A escola montessoriana oferece o exercício da escolha nas suas atividades cotidianas; saber escolher é uma competência desejada e cultivada nas nossas classes.
Decidir entre várias possibilidades requer conhecimento do objeto, habilidade de estimativa, noções de respeito e ética. Grandes decisões pedem prudência, mas não dispensam a atração pelo novo, pelo desconhecido.
Entender o conceito de autonomia como a capacidade de tomar decisões e levá-las a bom termo é uma definição bem aceita.
Educar objetivando a autonomia requer cuidado, perseverança e paciência. Possibilitar escolhas é mais trabalhoso do que impingir comandos.
Autonomia e independência são construções que exigem altos investimentos da criança, do jovem, da família e da escola, mas trazem o benefício de um indivíduo seguro de si mesmo, que escolhe com consciência de suas necessidades e as da coletividade.
Edimara de Lima
Diretora pedagógica da Prima Escola Montessori de São Paulo
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