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Como ajudar as crianças nas respostas a suas perguntas?

Nos primeiros dias do ano, tive o privilégio de conviver com algumas crianças em minha casa.
Durante o dia brincavam e acompanhavam seus pais. À noite, junto com a família, acompanhavam o noticiário pela TV. Os primeiros dias deste ano foram lotados de notícias agitadas e violentas nas reportagens.
Durante algum tempo os pequenos ficaram indiferentes, ou pareciam não prestar atenção. Em um determinado momento percebi que alguns assuntos do telejornalismo, acabavam sendo motivo de conversa e acabei me surpreendendo com perguntas como:
-O que é o Estado Islâmico? Onde fica? / Quem é o loiro, novo presidente dos Estados Unidos que vive brigando quando aparece na TV? Lavar a jato é igual quando levamos o carro para limpeza? / Presídio é igual a escola de adulto? Por que brigam tanto?

Entre tantas indagações, por vezes desconcertantes, começavam a mostrar sua curiosidade pelo que escutavam e tentavam interpretar, entender.
Perguntar, é muito bom e muito importante, pois demonstra interesse, vontade de conexão. Essas e outras indagações meio malucas, do momento em que vivemos, e, que para uma criança de sete/ oito anos parece uma história de monstros e terror, é a “realidade do mundo dos adultos”, sabiamente me definiu uma delas.
Para os pais, ou educadores tentar explicar de forma simples alguns conceitos passa a ser um exercício de raciocínio e persistência. Encaixar tanta informação, no entendimento infantil, é uma tarefa realmente difícil. Acho importante dar sempre resposta ainda que seja: “Sobre esse assunto ainda não sei, mas vou pesquisar para te contar… ou não sei tudo, também preciso estudar e pesquisar”.
Os adultos, às vezes, formam frases longas e dão explicações complicadas, fazendo paralelo com histórias. Esta forma a meu ver confunde mais. Acho mais efetivo formar poucas frases, sintéticas e responder apenas o que a criança está perguntando sem “palestra” sobre o tema, como dizia minha filha, quando pedia uma explicação para o avô (este ficava tão encantado em responder que fazia uma longa explanação sobre a pergunta, cansando o indagador e tirando o foco da resposta, na melhor das boas intenções).
Li hoje uma definição ótima sobre este tema:… “A vida não é uma fotografia, em que a gente organiza as coisas para ficarem bem à vista e depois fixa a imagem para a posteridade; é um processo sujo, desordenado, rápido, cheio de imprevistos. A única coisa certa é que tudo muda”…. “A gente faz a vida caminhando sem mapa, e não há como voltar atrás…..” Isabel Allende em seu livro “ A soma dos dias”. Acho que passar esta mensagem de forma bem humilde é o que devemos mostrar para os pequenos, sobre tantos assuntos incoerentes que somos bombardeadas, diariamente.
Experiências como “Filosofia para crianças”, que vivemos na escola – em que as crianças começam a se exercitar no diálogo além da justificativa de suas opiniões são ricas ferramentas para construir formas de entender e organizar pensamentos e ideias. O educador respondendo essas perguntas, concluindo indagações auxilia na formação de conceitos. Devemos sentir como privilégio esta oportunidade, enquanto formos consultados para isso.

Maria Angelina Franceschini Brandão
Prima Escola Montessori de São Paulo