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Como as crianças constroem o conceito do belo

Retornei de férias e ao entrar novamente em São Paulo deparei-me o quanto somos bombardeados com notícias de incentivo ao consumo. Durante dez dias, na praia, preocupei-me apenas com o necessário e vivi de uma forma mais minimalista.
Onde eu estava, no litoral norte do estado, muitos vizinhos com crianças também conviviam desta forma, aproveitando o dia para caminhadas, conversas, brincadeiras no mar e convivência. De forma geral o celular foi deixado de lado e outras atividades tomaram seu espaço. As noites foram preenchidas com jogos, conversas, atividades diversas, trocadas pelas televisão. Lá houve espaço para observarmos a beleza da natureza.

“As crianças são sensíveis a beleza desde muito cedo já fala o livro: A ciência do mais belo, da psicóloga Nancy Etcoff.
Como será que as crianças adquirem suas preferências? A sabedoria popular diz que aprendem através da aculturação“. Nossos hábitos e nosso processo de educação do gosto são essenciais para compreendermos o conceito do que consideramos belo.
A percepção do belo é individual.
Algumas vezes a percepção do belo também é temporal: quando pegamos uma foto antiga percebemos no que aquelas pessoas da imagem acreditavam que seria o belo em suas roupas, maquiagem e contexto. A moda é outro exemplo do que em cada tempo se acredita ser o belo.
A estética vem acompanhada de juízos que são momentâneos e temporais.
Conclui então que as crianças constroem suas preferências de acordo com suas convivências e experiências muitas delas proporcionadas por seus pais. Se o hábito de observar for incentivado desde cedo ( e as crianças que em geral são curiosas) muitas experiências educacionais interessantes e significativas acontecerão. Exemplo: uma família que tenha por hábito o contato e admiração pela natureza influenciará seus filhos que terão por exemplo interesse em atividades como colecionar conchas e folhas de formas diferentes; em descobrir animais curiosos, em brincar e criar novas formas com a areia, como tive a oportunidade de vivenciar em minhas férias.
Por outro lado, se é vivenciado o hábito de valorizar o consumo com atividades como passear rotineiramente em centros de compras: supermercados ou shoppings com crianças sem orientá-las , elas também se influenciarão. Poderão achar que somente tem beleza o que podemos consumir, gerando a ilusão de que o consumo está relacionado com a felicidade: quanto mais consumimos mais felizes seremos. O mercado cria estratégias de venda que tentam nos convencer do que é belo e novos desejos de consumo.
O apelo mercadológico é tão intenso que cria necessidades inexistentes e crianças são vulneráveis a isso.
Como educadores devemos cuidar com atenção desta vulnerabilidade e possibilitar diferentes oportunidades para que a criança construa o seu referencial do que irá considerar “ belo”.

Maria Angelina Franceschini Brandão – Prima-Escola Montessori de São Paulo