Idosos já podem apresentar, por conta da idade – e não por causa de doenças – sintomas como perdas cognitivas e de memória; diminuição da atenção e concentração; sintomas depressivos; queda da autoestima; sentimentos agressivos que podem vir em função da limitação, ou perda das condições físicas.
Por isso só, o idoso doente, já, não é um paciente comum. E essa faixa etária de pacientes só tende a aumentar. Claro, não existe uma forma só de envelhecer e, este processo recebe influências dos padrões de cada um. Mas, o envelhecimento bem-sucedido envolve autonomia, bem- estar psicológico, estratégias de enfrentamento e capacidade produtiva.
Quando durante o envelhecimento surge o diabetes, que é uma doença crônica, isso é, que não tem cura, e sim um tratamento contínuo, o idoso sofre outras transformações, além daquelas advindas da idade: o adoecimento e o envelhecimento se confundem; o sentimento é maior de aceitação, podendo ser um bom gancho para um tratamento bem-sucedido; mais uma perda ou revolta pelas limitações impostas. O adoecimento pode ser encarado como mais uma perda entre tantas que ocorrem nesta etapa da vida, nesse caso, pode aparecer o estado depressivo, ou revoltado; tristeza, desânimo e desesperança em relação ao futuro, em função de preocupações em relação às complicações e seus desdobramentos.
No tratamento do idoso com diabetes é preciso:
Relacionar o desenvolvimento da doença com o doente, sua história, aceitação, nível social, cognitivo, aspectos psicológicos – e com o entendimento das demandas desta etapa do ciclo vital.
Analisar que no adoecimento crônico, não só o indivíduo é afetado, mas toda família, que por sua vez afeta o paciente. Pois, se é um idoso o portador do diabetes, a família pode ter que se reorganizar para ajudá-lo no monitoramento.
Cada etapa do ciclo vital tem as suas demandas e tarefas, que afetarão o curso da doença crônica, e esta, por sua vez, afetará as demandas e tarefas desta etapa.
Cabe ao médico não só olhar para a doença e sim para o doente, pois cada idoso faz o seu processo de envelhecimento de uma forma peculiar, enfrentando de forma mais, ou menos intensa, essa etapa da vida. É preciso conhecer as histórias de seus pacientes, suas crenças, seus valores, sentimentos, questões familiares, sociais e culturais que aliados aos conhecimentos do Diabetes, podem favorecer um tratamento bem-sucedido a cada um de seus pacientes.
Lecticia Rapôso é psicóloga, mestre em psicologia clínica pela PUC-SP, especializada em mediação de conflitos, pós-graduada em Terapia de Família e em terapia Infanto-juvenil.
EntreSaberes – www.entreseres.com.br
MAIS MATÉRIAS
Revistas Em Condomínios | PABX: (11) 5032-0105