Todos se lembram dessa passagem bíblica: a vitória do pequeno Davi contra o gigante Golias. Vou utilizá-la como metáfora para um assunto muito atual que concerne a todos, gostem ou não. Nós, humanos, seremos Davi; e os oceanos, que ocupam dois terços do planeta representarão o gigante Golias.
A pergunta é: A diferença de tamanho e poder entre nós e os oceanos é infinita; assim, jamais poderíamos imaginar que um dia, este pequeno Davi conseguisse, com a sua displicência lançar ao mar milhões de toneladas de lixo proveniente de seus paranoicos sonhos de consumo. Inicialmente, a ignorância do homem imaginava que poderia despejar no mar tudo o que lhe desse na telha, pois jamais esse despejo criminoso, tendo em vista a imensidão marinha, chegaria à tona para revelar esse crime ambiental. Porém, nós apesar da nossa pequenez, conseguimos a proeza de espalhar de Norte a Sul a nossa imundície. Como de costume em casos que afetam toda a humanidade, há mister um esforço de todos os países para sanar esse, que é, de longe o maior dos crimes não apenas contra o ser humano e sim, contra milhares de espécies que gradativamente são ameaçadas de extinção.
Eliminar tamanho perigo não se fará por acordos entre as nações, sabendo-se que eles se resumem a assinaturas simbólicas sem nenhum compromisso verdadeiro de mudar as coisas. E por que as coisas não mudam? Por duas razões: ganância criminosa de um lado, e desinteresse pelas consequências de outro, em prol da continuação do vício do consumo. Vamos analisar as duas razões na tentativa de despertar desse pesadelo em que nos metemos:
1) – Ganância criminosa: Não creio que necessite muita explicação. As grandes indústrias mundiais, – como tudo no mundo – visam lucros, sem se preocuparem com a infelicidade de seus empregados, e menos ainda com a de seus semelhantes; elas não se envergonham de despejar no mar milhões de toneladas de detritos portadores de componentes perigosos para a saúde; vomitar no ar, toda a sorte de venenos por sobre cidades, encolhendo os ombros a todas as advertências da Ciência. O que importa é o lucro; o restante deve ser ignorado.
2) – Tudo em prol do consumo: Se de um lado apontamos o dedo para a ganância irrefreável das grandes indústrias ( apoiadas pelos respectivos governos) é bom não esquecer que nós não somos apenas vítimas, e sim, meros cúmplices. Estarei errado? Quantas pessoas se dignam de separar o lixo orgânico do reciclável? Se você reside num prédio de apartamentos sabe a resposta. Observem as praças na segunda -feira; copos, garrafas, e toda uma parafernália de lixo acha-se jogada em cada canto. Grande parte do lixo marítimo provém, não se enganem, do nosso “dar de ombros” tedioso e indiferente. Conclusão: o planeta – que é nosso lar- é sistematicamente destruído, não por alienígenas, e sim, por seus próprios ocupantes. Será que a funda de Davi voltará a derrubar o gigante? É a pergunta a responder.
Luiz Santantonio
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