Esta época confusa em que vivemos é plena de contradições: há os que querem salvar o planeta e há os que (inconsciente, com certeza) querem destruí-lo; as razões dessa conduta são confusas, de tal sorte que nem sempre é fácil entendê-las; vamos adiante, todavia.
Dia desses estava eu lendo um bom livro, quando o céu começou a escurecer formando como é normal nesta época de verão uma daquelas tempestades nossas já conhecidas. Sem muita demora tudo ficou escuro e os relâmpagos, seguidos de trovões e raios abriu as comportas para uma fortíssima tempestade. Como é natural ocorrer durante essas situações acabou-se a luz e ficamos todos à mercê da fúria da natureza. E assim permanecemos, sem eletricidade, até o dia seguinte à tarde. A responsabilidade pela ocorrência coube a uma das árvores de nossa rua que, vítima dos fortes ventos, caiu sobre os fios elétricos, danificando cruelmente boa parte deles e castigando-nos pela falta de eletricidade.
Agora, leitor, vamos à nossa tese: No dia seguinte ouvi de passagem a seguinte pérola na fila da farmácia: “Não sei por que a Prefeitura mantém tantas árvores nas ruas; é só para cair durante essas tempestades e nos deixar sem eletricidade. É mais seguro cortar todas elas”. O leitor entendeu a razão do título? Quantas coisas ocorrem que apesar de terem sido criadas com a finalidade de nos ajudar podem em determinadas situações nos ocasionar problemas? Um avião de passageiros, apesar de toda a tecnologia cai e mata um número enorme de pessoas. Que fazer: destruir todos os aviões? Uma usina nuclear criada para beneficiar milhões sofre uma pane e tira a vida de muita gente; deve-se decretar o fim da pesquisa atômica? Se eu precisasse desfilar todos os casos em que nossa ignorância (e ingratidão) dá palpites infelizes sobre a vida, não sei o que seria de nós. Felizmente nossos leitores pertencem à classe dos que entendem que comentários infelizes não contribuem para resultados produtivos. Vamos pensar melhor antes de opinar sobre as coisas do nosso mundo.
Carpe Diem
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