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Maternidade e tabagismo

O tabagismo pode trazer uma série de problemas, não só para a mãe, mas também para a criança, desde o útero, até a infância, gerando um impacto negativo na saúde da família. Nesta matéria vamos abordar esta importante questão, que objetiva proteger e promover a saúde durante uma fase tão importante e vulnerável da vida. Por isso, se você está pensando em engravidar, é aconselhável deixar o fumo, pelo menos seis meses antes.

Se você já está grávida e ainda é fumante, faça a retirada do tabaco, progressiva e firmemente, utilizando, se necessário, apoio psicoterapêutico profissional, já que o auxílio com intervenções farmacológicas estão contraindicados. Lembre-se de que  a cada tragada, mais de quatro mil componentes tóxicos chegam até os pulmões da mãe e são liberados para a corrente sanguínea da mãe e do bebê.
Sugiro que compartilhe estas informações com seu companheiro e parentes próximos, no caso de ser uma fumante passiva, ou ainda, no caso da convivência com seus entes queridos ser um fator que dificulta o seu sucesso para a sua cessação do hábito de fumar. A gestante que fuma apresenta mais intercorrências obstétricas, têm maior risco de abortamento, parto prematuro e episódios de hemorragia (sangramento) e, até mesmo, de morte perinatal. O nível de vitamina C nos fumantes é em média 40 a 50% mais baixo que nos não fumantes. Sabemos que a vitamina C é necessária para produção de colágeno, para formação de glóbulos vermelhos do sangue, para formação de ossos e dentes, e também para melhor resistência a infecções, portanto, deficiência de vitamina C pode agravar manifestações hemorrágicas, perda de dentes, dores e edema articulares, alterações da pele e retardo de processos de cicatrização.
Mas, o tabagismo durante a gestação tem implicações que vão além dos prejuízos à saúde materna. A placenta não consegue barrar a passagem das substâncias tóxicas e a presença constante de monóxido de carbono tem forte interferência no desenvolvimento do feto, e dificulta a chegada de nutrientes necessários para o pleno desenvolvimento do bebê. Os malefícios são tantos, que podemos dizer que nesta fase o feto transforma-se, forçadamente, em um fumante ativo.
Conseguir parar de fumar na gravidez pode ser um grande passo, porém não é suficiente. Se a mãe voltar a fumar depois do parto, o bebê também sofrerá com os efeitos do cigarro.
Fumar durante o aleitamento diminui produção e afeta a qualidade do leite. A toxicidade dos elementos que passam para o leite pode se manifestar nos bebês como agitação, vômitos, diarreia e taquicardia, principalmente, quando a mãe fuma 20 ou mais cigarros por dia. Outro fato alarmante: o risco de morte súbita em lactentes fica multiplicado por dois.
A presença da fumaça do tabaco no ambiente, durante o primeiro ano de vida da criança leva a prejuízos respiratórios, neurológicos e até psicomotores. Filhos de tabagistas sofrem com irritação nos olhos, manifestações nasais (rinites), aumento na incidência de resfriados, infecções de ouvido (otite), aumento de problemas alérgicos respiratórios (tosse, bronquites, ataques de asma), aumento dos problemas cardíacos com elevação da pressão arterial e até angina (dor no peito).
Como podemos observar, os ganhos com a cessação do tabagismo extrapolam os benefícios à saúde da mulher e favorecem o desenvolvimento de uma infância  mais saudável. Lembre-se ainda que a figura dos pais é fundamental na educação e  seus hábitos afetam o comportamento dos filhos, podendo  influenciar a decisão deles em relação ao tabagismo. Comece por você, dê sempre bons exemplos. A saúde de sua família agradece.
 
Carla Maria Montalto
Especialista em Dependência Química
Diretora técnica – Viva Corporativo
carlamontalto@vivacorporativo.com.br