Essa é, com certeza, a mais difícil das perguntas, porque cada pessoa analisa a questão sob seu ponto de vista, ponto esse, profundamente assentado na forma como a interpreta, mas a verdade é que ninguém sabe para que está vivendo, não tem alvo, a não ser o desejo de distanciar-se da insegurança e da solidão. O sofrimento comum é o alheamento de si mesmo, do seu semelhante e da natureza; a percepção de que a vida se escoa como a areia por entre os dedos da mão e que um dia morreremos sem ter vivido, que vivemos no meio da abundância e, contudo, não conhecemos a alegria.
Aí está, em rápidas pinceladas, uma contribuição que, apesar da boa vontade, não ajuda muito para definir a vida, que, em síntese, é tudo o que precisamos entender. Eu tive um colega muito esclarecido que me repetia sempre: “a vida é feita de coisas sérias”. Eram palavras tão sábias que jamais as esqueci, e, a cada ano que passa elas se tornam mais verdadeiras. Acredito leitor, que uma das razões que nos impede de compreender a profundidade dessa dádiva divina é, exatamente, porque o ser humano (ainda muito atrasado no seu desenvolvimento) se contenta em vestir sua fantasia de cego e sair por aí em vez de abandonar essa rotina paranoica de lutar para ter, abdicando do ser; o primeiro, é ilusão (quem não sabe disso?) ela é poderosa, exige sempre novidade, nunca satisfaz; o segundo, aguilhoado na escuridão, é prisioneiro de um útero que se recusa a dar à luz. Ora, leitor, é muito raro alguém empreender uma viagem, supostamente longa, sem se precaver contra os possíveis e naturais obstáculos que por certo encontrará no caminho. Nós, por acaso vivemos atentamente? De que forma nos preparamos para enfrentar o amanhã? Alguém se preocupa em avaliar sua capacidade? Que perde um segundo sequer para avaliar se suas ações trarão desgraça ao semelhante? Devemos viver despreocupados com o que nos acontecerá, depois de deixarmos nosso corpo entregue aos vermes?
E como se tem comportado o homem, no tocante à religião nesse campo? Por mais frequentemente que pense em Deus, ou vá à igreja, por mais que acredite nas ideias religiosas, se ele, se mostrar surdo à pergunta da existência, se não tiver uma resposta para ela, estará marcando passo, viverá e morrerá como um, entre milhões de coisas que produz. Pensa em Deus por mero hábito, em vez de tentar viver como “Sua imagem e semelhança”. Eis aí, leitor, mais uma oportunidade de responder à pergunta: “o que é a vida”?
Luiz Santantonio
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