Nos dias de hoje, a resposta deixou de ser uma coisa banal, uma vez que as novas gerações não lhe entendem a origem. Conto-lhes, pois, uma historieta interessante, uma pequena amostra da ação do tempo.
Certo cidadão caminhava de volta para casa, preocupado, exatamente, com a questão natalina porque seu filho de cinco anos, muito esperto e muito vivo, (como são as crianças de hoje) não lhe dava folga; queria saber tudo de tudo, deixando-o em situação difícil.
E essa história do que significava o Natal (a data estava próxima) era a pergunta que pairava no ar, e a insistência do garoto produzia certa inquietação no pai, temeroso de ser incapaz de satisfazer a curiosidade do filho. Seria mais fácil dizer-lhe, simplesmente, que não sabia a resposta, todavia, como pai, havia o temor de ser julgada ignorante coisa que nós, humanos, tolos e vaidosos, não apreciamos, apesar de ser normal ignorar uma infinidade de respostas. Enfim, não adianta; logo ao chegar encontrou-o observando fascinado um pequeno presépio, e, abraçado a um enorme boneco com a figura de Papai-Noel. Ouvia-se um monólogo inteligível somente para ele. O garoto estava com a atenção fixa na dupla Papai-Noel/Presépio, que o pai achou melhor retirar-se e esperar outra oportunidade para dialogar com o filho.
Imaginando que o menino não mais se lembrava do ocorrido, o pai levou-o para a cama. Assim que o deitou ele saltou para o colo do pai e o interpelou-o com firmeza: – pai, você não vai sair daqui sem me contar essa história do Natal. Mamãe e a Tia Lúcia respondem sempre a mesma coisa: – pergunte a seu pai! – Então pai, o que é o Natal? Antes de decidir como sair dessa enrascada, lembrou-se de que no seu tempo de criança nada disso ocorreria porque um fedelho de cinco anos não teria desenvolvimento para esse tipo de pergunta. Como encontrar a resposta adequada quando se vive apenas de ilusões consumistas? A espiritualidade que era o motor da origem natalina está em “desuso”.
A questão é a seguinte: vive-se numa época em que, praticamente, todas as datas comemoráveis no passado (Natal, finados, dia dos pais e das mães, dia disso, dia daquilo) estão caindo no esquecimento, ou quando muito, já, não se sabe ao certo porque foram criadas, ou seja, ninguém lhes dá atenção. Os tempos são impiedosos e não perdoam, temos que dizer adeus aos conceitos do passado e viver o presente com suas novidades, seja, ou não, do nosso agrado.
Aí está, leitor, como sem querer, nem procurar, o adulto moderno cai em armadilhas sem saída, armadas por um garoto de cinco anos: “O tempora! O mores!” (Em que tempo vivemos!)
Seja o leitor deste tempo, ou do passado, pergunto-lhe: o que é o Natal para você?
Luiz Santantonio
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