A decisão do governo em liberar o saque das contas inativas do FGTS, visando inserir cerca de R$ 30 bilhões na economia nacional, é bastante positiva. Entretanto, o trabalhador precisa ter consciência ao usar esse montante, que até então estava investido para o seu futuro.
O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço é uma poupança forçada para que o trabalhador tenha recursos e esteja precavido em caso de demissão sem justa causa, ou quando deseje comprar um imóvel, entre outras situações.
Agora, os trabalhadores poderão sacar todo o saldo de suas contas inativas (sem movimentação) até 31 de dezembro de 2015 para qualquer finalidade.
Receio que grande parte das 10,2 milhões de pessoas que, provavelmente, farão o saque destinem essa reserva ao consumo desenfreado e pouco planejado. De acordo com a Caixa Econômica Federal, o calendário de saques será divulgado em fevereiro de 2017. Portanto, até lá é possível refletir sobre o uso do valor, tendo em mente que é preferível realizar sonhos no curto, médio e longo prazo do que liquidar as reservas em curtíssimo prazo.
O ideal é usar esse valor para iniciar uma poupança, ou adiantar a conquista de um ou mais sonhos, sejam eles pessoais, ou familiares. A diferença entre tomar uma atitude, ou outra diz respeito à educação financeira. É preciso consciência para não perder uma reserva construída ao longo de meses, ou mesmo anos de trabalho.
Por isso, indico o saque das contas inativas para aplicar o valor em um investimento que renda mais do que o FGTS – como poupança, CDB’s e tesouro direto, entre outras – e que seja adequado ao período em que se deseja realizar o sonho, considerando a facilidade em fazer o saque no momento desejado, sem perder rendimentos.
A ideia inicial do governo era liberar o saque para facilitar o pagamento de dívidas. Apesar de essa não ser uma obrigatoriedade agora, é provável que muitas pessoas resgatem o valor para quitar dívidas em atraso. Entretanto, é importante lembrar que não é com pressa, usando reservas financeiras, que o problema do endividamento irá se resolver, pelo contrário. Quem está inadimplente precisa compreender quais hábitos e comportamentos o levaram a essa situação, em primeiro lugar, e agir no foco do problema.
Reinaldo Domingos é doutor em educação financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira e autor do best-seller Terapia Financeira, do lançamento Mesada não é só dinheiro, e da primeira Coleção Didática de Educação Financeira do Brasil.
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