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O universo da motivação

psicologia-corporativa-maio-2018

Quem ainda não se sentiu deprimido no dia a dia? De que modo tal sentimento impactou em cada atividade de trabalho? E nas relações com os clientes? Quanto tempo durou (ou dura) a tristeza, a falta de perspectiva, o desânimo e a descrença no porvir? O que as notícias e as pesquisas dizem a respeito? Afinal, o que se entende por depressão em suas variações clínicas, ou acerca da tristeza como um brilhante mecanismo natural a avisar sobre algo que não vai bem (um conflito íntimo despercebido, por vezes), qual uma febre — uma analogia ao orgânico — a prenunciar a infecção?
Teria a natureza se equivocado, dotando o ser humano com um sofisticado sistema de emoções? Incontáveis anos de evolução não podem sugerir às nossas ponderações o devido propósito das emoções (medo, para nos salvaguardar dos perigos e da extinção, por exemplo; raiva, para nos colocar em estado de alerta e também ampliar as chances de sobrevivência, em situações de risco), e, destaque-se, a tristeza, para alertar, brilhantemente, sobre a urgência de uma introspecção que nos leve ao conhecimento de desajustes que, naturalmente, são desencadeados (e podem se avolumar) ao longo de jornada vital tão complexa como a nossa? Como isso se mistura à vida profissional? Não é como carregar um caminhão às costas? Quantos saltam do trampolim do desconforto e mergulham nas profundezas do oceano psicológico? Mais: Quem pratica com persistência esse difícil, porém fundamental exercício de autoconhecimento?
Então há algumas diferenças e semelhanças entre a tristeza, uma amiga tão antiga quão astuta que usa o mal-estar para nos tirar da acomodação, e a depressão, um quadro maior de incômodo, que grita por cuidados, os quais envolvem especialistas e terapias variadas, conforme cada caso, além de incluir fármacos, pois há deficiências químicas, em determinadas situações. Não é hora de pisar no freio e questionar, o que o cenário social tem intensificado, de anos para cá? Mas, vale acelerar, perguntando: o quanto você investiu em si, a fim de refletir (autonomamente e/ou com ajuda) e desembaraçar, gradativamente, os nós psíquicos que podem ocasionar tais desconfortos?
Apesar de aspectos externos influenciarem no desencadeamento de tristezas, ou depressões (avisos que exigem intervenção, vale relembrar), quais as pressões de ambientes intoleráveis, jornadas exageradas de carga horária laboral (que ativam o estresse), dentre outros itens, é internamente que tudo se processa, e então damos o peso (não o percebemos, adequadamente, ainda) que se instala, desafortunadamente, sobre nós. Ninguém tem tamanho poder sobre outrem, além da influência, do contrário seria um erro gravíssimo da natureza, que cria e faz funcionar sistemas complexos em nós a despeito de termos, ou não consciência sobre eles, pois a carga genética (e o cérebro automático) que os mantêm, no páreo da corrida evolutiva é, colossalmente, mais antiga do que a nossa minúscula passagem por este planeta, ainda que ultrapasse os cem anos…
Logo, a nossa responsabilidade em torno da dedicação pessoal é inevitável e intransferível. Todavia a influência reduz-se à medida que o autoconhecimento ganha terreno em razão das constantes reflexões que fazemos, levando-nos a novos voos de autonomia, e a dependência, por sua vez, se limita à ajuda profissional, tão somente, pois só a pessoa pode desejar e autorizar as mudanças necessárias para si na ideal transformação renovadora. Eis outra notável virtude da natureza em favor da defesa e do desenvolvimento da espécie, estimular a ajuda mútua, através das diferentes experiências e conhecimentos, valorizando o conjunto, portanto, ao mesmo tempo, em que preza a unidade, impedindo defensiva e, categoricamente, a atuação direta externa; esta, somente acessível ao seu agente. Pergunte-se: em que ponto se encontra a nossa compreensão a respeito da motivação na vida profissional, observando o universo íntimo?

Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo corporativo e mestre em liderança.