É sempre uma vitória considerável cada vez que avançamos, na estrada do conhecimento pessoal, aquele que pode nos revelar aspectos que até então nos fogem à compreensão, ao projetar intensa luz de consciência sobre o obscuro desconhecido, quais as imperceptíveis motivações que nos levam a ter certos comportamentos no convívio organizacional. Embora seja possível enxergar, claramente, o fundo de certas atitudes em vários momentos no cotidiano, em outros, contudo… E o fato não reside em alterações significativas do estado de humor de cada um – pressões externas superiores à capacidade de tolerância, como doenças, dívidas financeiras etc., ocasionando um jeito alternante de lidar nas relações interpessoais, ora com leveza, ora com pesar, mas o foco aqui observado aponta para formas tão irregulares e enigmáticas, que fica difícil a compreensão. Passa-nos despercebido a raiz que produz tais frutos.
Importantes questões podem servir de impulso ao início de uma jornada de autoconhecimento fundamental à qualidade de vida do colaborador, e ao equilibrado relacionamento na equipe de trabalho. É natural que tal processo psicológico demande tempo, esforço e persistência, afinal grandes obras custam o seu peso em ouro do sacrifício, mas tente avaliar os ganhos decorrentes, relacionados ao crescimento e aprimoramento de melhor consciência e propriedade sobre si…
Que tal se questionar: Por que atribuo a outrem (lideranças, organização) quase completamente (senão por inteiro) a responsabilidade de minha motivação, se ela é fruto de lento e inteligente processo evolutivo biológico e psíquico? Não seria uma artimanha da natureza, ter dotado o ser humano com a predisposição e o controle da motivação como um mecanismo defensivo (preservação), evitando assim que as influências externas (os limites da abrangência do alcance mútuo) alcancem tamanho poder sobre condição tão poderosa, ainda que se requeira maior percepção a respeito de tais questões?
Não seria oportuno evoluir ao ponto de levantar o véu da dependência, e compreender, passo a passo, a autonomia que temos à disposição para autorregularmos a motivação – com toda a complexidade existente em comum ajuste fino, a outros itens psicológicos? Já se deu conta que a motivação se desencadeia em grande escala, na proporção das experiências vividas, a exemplo de acordar mais cedo, ler mais, se comunicar mais, se disponibilizar mais, entre outras exigências, a fim de empreender tarefas fora da rotina, as quais rendem melhor ajuste aos problemas de toda ordem que nos roubam o sono enquanto não os encaminhamos a bom termo?
Quando você dedicou sensato tempo à autoavaliação, na tentativa de enxergar (por temporário mal-estar que cause ao orgulho) pontos desfavoráveis à carreira, cujo objetivo decorrente imprimisse o desejo de melhorar? Será que nos avaliamos, adequadamente, ao usarmos como referência a linha média do nível de qualidade dos resultados das pessoas de convívio (ou distantes, por meio dos dados de pesquisas, por exemplo), justificando para si que está favorável? De quem é a decisão de crescer além das estimativas? Mais: temos consciência deste jogo psíquico no dia a dia? Porventura não há um valor refinado no autoconhecimento profissional?
*Armando Correa de Siqueira Neto é psicólogo corporativo e mestre em liderança.
