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PEDRAS DE TROPEÇO

abril-2018-editorial

O título correto deveria ser: “pedrinhas, ou cascalhos de tropeço”. Essa mudança se deve ao objetivo da crônica que é uma modesta análise de como analisamos os pensamentos que convencionamos chamar de “problemas”. Nós nos vangloriamos de ser – e com razão – os reis da Criação; somos porque fazemos parte da única espécie racional. Apesar dessa verdade, se olharmos como esses “seres racionais” se comportam, muitas vezes nos tornamos céticos e, até mesmo, receosos de proclamar essa tão falada superioridade. Quero demonstrar, de forma simples, como somos vítimas de uma fraqueza espiritual, absurdamente, ridícula que nos impede de encontrar o caminho para uma vida direcionada, pela simples aplicação da lógica e do bom senso, distante, portanto, dos maus hábitos, insuflados pela nossa malfadada cultura. O caro leitor já analisou (pausa para filosofar) em quantas “pedrinhas” tropeçou, desde que levantou, até a hora de deitar? Note-se que quase todo o “sofrimento” é analisado pelo exagero. Basta acompanhar uma pessoa ao contar seu dia-a-dia: “vocês não imaginam por quantas encrencas passei hoje”. E conta com a máxima dramaticidade (inocentemente, acredito), sem avaliar que todas (ou, quase todas) essas encrencas não passaram das “pedrinhas” habituais que todos enfrentamos, porém devidamente providos de lupas enormes que nos fazem vê-las como grandes blocos, desabando em nossa direção. Aí está uma das grandes falhas que nos desmerecem como criaturas pensantes. Como isso é possível? Com tanto conhecimento e experiência (não sei bem se conhecimento e experiência, de fato, são privilegiadas em nossas ações) ao nosso alcance, agimos com uma ingenuidade infantil, desmerecendo, em rigor, nosso tão decantado progresso. Se assim for, como agiremos quando algo catastrófico nos atingir? Em que parte de nosso espírito encontraremos força para suplantar situações, acontecimentos do nosso dia a dia afim de peneirá-los cuidadosamente, separando bem o tamanho de cada pedra e analisar o que é sofrimento e o que não é. Acredito que ficaremos pasmados com o resultado (e envergonhados, também).
Para finalizar devo pedir às leitoras que me desculpem por mencionar sempre “o leitor” como se leitoras não existissem. Afirmo que faço parte da luta em prol da igualdade de direitos, ou seja, abomino, ex-corde, essa nefasta (e incompreensível) diferença entre “gêneros”, outra invenção de nossa desventurada cultura. De minha parte leitora, você que acompanha meu trabalho sabe que ele está acima e além de definições machistas. Vamos extirpar essa mentalidade medieval de marcar como se gado fossem, nossas amadas e indispensáveis mães, filhas e companheiras!

Luiz Santantonio
santantonio26@gmail.com