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Pessimismo no atacado; otimismo no varejo!

fevereiro-2016-editorial

O mundo já passou (passou?) por épocas difíceis: guerras, epidemias, desastres naturais, etc. Porém, à medida que o tempo passa, confiantes de que estamos evoluindo, nossa esperança sonha sempre com tempos melhores. Infelizmente, essa expectativa tem se revelado negativa. Estamos assistindo, atônitos, ao recrudescimento da violência, da corrupção, do descaso criminoso na manutenção de um consumismo que, impiedosamente, qual um tsunami, devasta o planeta, sem que os dirigentes dos países, apesar da evidência de um desastre global, limitam-se a “resolver” o problema, por meio de conferências, impregnadas da mais deslavada hipocrisia. Diante desse quadro, é natural que a humanidade se sinta perdida, porque não sabe em quem confiar. É natural, pois, que o pessimismo evolua e desgaste o pouco otimismo que ainda resiste ao que se divisa no horizonte.
Diante desse quadro, que outro sentimento somos inclinados a sentir? Ser pessimista diante de um mundo caótico em que vivemos, sem vislumbrar a priori nenhuma luz no horizonte, como alguém pode pensar em otimismo? A tão decantada superioridade humana, com suas quase milagrosas invenções, têm se mostrado inúteis para promover bem-estar entre nós; as religiões, por sua vez, precisam seguir o caminho da igualdade, simbolizadas pela união fraterna entre todos. Enfim, parece que todos os nossos passos nos levem à separação, cada vez mais propensos a nos tornar pessimistas em tempo integral.
Então, leitor, só nos resta adotar, como normal, o caminho do pessimismo diante de tanto descalabro? Ou não? Se optarmos pelo otimismo, de que argumentos nos valeremos para embarcar numa aparente oposição ao sentimento da maioria?
Nossa espécie está no mundo, (segundo a Ciência), há apenas alguns milhares de anos. Quando se lê, “milhares de anos”, nossa imaginação não concorda que tivemos tempo de sobra para evoluir. Daí, certo desencanto com a vida atual. Nossa lógica não perdoa: “se não melhorou até agora…” Bem, leitor, não estou disposto a engrossar o coro dos pessimistas, porque as conquistas da humanidade deixam claro sua infinita capacidade. São tantas e tão extraordinárias, que embora falte algumas peças no quebra-cabeça, jamais devemos aceitar qualquer sentimento de derrotismo quanto ao nosso futuro. A pergunta é: – será que o nosso caminhar está de acordo com nossa espécie, ou não? Pode-se, como experiência, voltar os olhos para os animais irracionais: como vivem em sociedade, como colaboram entre si, etc. Notaremos (para nossa vergonha) a diferença da vida em comum entre nós e eles. Nós nos comportamos como irracionais, enquanto eles se comportam como racionais: – vergonha das vergonhas! Precisamos reencontrar nosso verdadeiro destino, esse reencontro é fácil: basta que vivamos apenas como irmãos. A verdade é simples: somos todos rigorosamente iguais, disfarçados pelas vestimentas que a nossa cultura nos impõe. Apesar de parecer esquisito, falta-nos ainda maturidade espiritual para aplicar nossa sabedoria (ainda incipiente) para viver a vida em toda a sua plenitude.

Luiz Santantonio
santantonio26@gmail.com