Após o almoço dominical, feito pelo Irmão, meu neto Bruno, estou escutando Beethoven. Monlight Sonata para piano, na companhia das diletas amigas Caneta e Folha Branca.
Sem perceber, alcei voo, levado pela brisa suave, desse dia de sol outonal e céu azul manto de Nossa Senhora.
Sinto-me bem quando, descompromissadamente, passeio no mundo encantado do universo surpreendente e infinito do pensamento.
Nesses momentos, deixo-me guiar pelos labirintos oníricos e lúdicos do pensar, qual criança conduzida pela mão carinhosa de sua mãe.
De repente, vejo-me menino com o Bi, meu avô materno, campeando o gado, lá na saudosa fazenda Jatobá, em Jatai-GO, no final dos 1940.
Num pulo de trapezista, estou em 1959 na fazenda dos padres, em Itaipava-RJ, galopando num cavalo zaino. Rodopio. Caio e quebro o braço esquerdo.
Zás e chego nos anos 1970. Encontro-me caçando perdizes (não faço mais), na companhia do meu cunhado e compadre, o Areia, na fazenda do Bejo Barison, em Capinzal-SC.
Mais um salto acrobático e desço devagarinho no início dos anos deste século, fazendo trilha com um grupo de voluntários do CVV, indo para a praia de Naufragados, em Florianópolis-SC.
Agora dou um salto duplo carpado e estou no aqui e no agora, dando-me conta de que num átimo lá se foram oito décadas do meu viver e noto que brinco com o meu bisneto Pedro, um bebê de seis meses, muito tranquilo, de sorriso puro, de olhar-ternura, transmitindo paz e que faz brotar em mim serenamente o sentimento da mais profunda gratidão pela vida e por tudo que nela vivi, vivo e espero ainda viver. Sinto-me um ser abençoado, embora não saiba o porquê.
Então, mais uma vez minha gratidão a Deus, ao universo e a todas as pessoas que encontrei e, com certeza, encontrarei ainda na estrada da minha existência terrena.
Ao perceber aquela piscadela discreta das minhas amigas Folha Branca e Caneta, concluo repetindo gratidão, gratidão e gratidão sempre!
Sorrindo dou tchau, ouvindo a canção Amazing Grace.
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